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Daniel Soares

  • Foto do escritor: URRO
    URRO
  • 31 de jan. de 2021
  • 1 min de leitura



Queima esta coisa.


Não consigo definir.

Larva que passeia.

doída, teima em sair,


Escava, procura saídas

do peito ao cérebro,

cutucando saudades

de coisas não vividas.


Engravida e semeia,

aparece em sonhos,

fantasma brincando.

Insano, esconjuro,

esta maldita sereia.


Pula em pulsões,

até que irritado

reluto, refugo,

e mentiroso declaro:

besteira, tolice,

são só comichões.


A coisa é teimosa,

sem que saiba o que é,

me arrebata e seduz.

Logo me vence,

e, passado o susto,

se mostra formosa.


Pulsão explodida,

realiza meus sonhos,

dá vida às coisas,

remodela a memória

e faz fruto parido.


Do parto e da dor,

do peito e do cérebro,

que teimaram em sair,

me vem um langor.


A larva ao sair,

sem que a defina,

me faz existir.


Queima coisa, queima.

 
 
 

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