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Atualizado: 4 de mar.

Brincantes: alegria e humanidade no registros da ocupação dos territórios

Por Fabiana Ribeiro


Uma das coisas que mais amo é ir para territórios dentro da própria cidade. É conhecer as pessoas e os lugares. Essa vivência me fez aprender mais, conhecer melhor a minha cidade. Conhecer o quanto o poder público precisa ser ampliado, discutido e inclusivo. O quanto falta de Estado em alguns lugares enquanto em outros ele favorece privilegiados. E ao mesmo tempo ele se utiliza de mecanismos para não estar e “terceirizar” de inúmeras formas o que é obrigação dele fazer.


 O Tik Tok pode até estampar a camiseta, mas a alegria vem mesmo do pulo numa poça d’água


E numas dessas andanças estive na Comunidade do Sossego, um local que, segundo relatos, nem a Secretaria de Saúde sabe direito onde fica. Imagina se nem a saúde chega com políticas públicas, imagina a Cultura.


Em meio a histórias da mulher grávida que não consegue atendimento de pré natal no posto de saúde, por inúmeros relatos como “falta de ginecologista” que na verdade é falta de políticas públicas e o mais puro descaso. Uma mãe que devido à necessidade de trabalhar perdeu uma bebê em uma “tragédia” que na verdade é falta de políticas públicas.


Mães e crianças ocupam as poucas sombras da comunidade durante as atividade culturais


Neste lugar esquecido e só lembrado pelo vereador; no dia que ele vai a “máquina passa” na terra árida que compõe as ruas da comunidade.


Foi em um domingo, em meio ao sol intenso que castigava ainda mais aquela população, que uma das ruas de terras foi ocupada por crianças, muitas mães e pais envolvidos em atividades de brincadeiras.


Atividades circenses movimentando a imaginação e a alegria, uma turma jogando vôlei, mães sentadas com seus pequenos à sombra de uma das poucas árvores. O sol forte nem era problema para aquelas pessoas tão acostumadas com a aridez do mundo. Ali naquela manhã vivenciar a alegria, o lúdico e a cultura eram tão mais intensos que o próprio sol.


Atividades circenses e brincadeiras na comunidade do Sossego


Naquela manhã de domingo a única coisa que importava era brincar e se apropriar do espaço público da rua.

Assim, cada registro fotográfico é uma relação de amor de muito tempo. Entendo também a importância da construção das fotografias, bem como elas lançadas neste mundão repleto de produção de imagens. E dentro das milhares de imagens produzidas todos os dias, que e qual olhar damos para este mundão? Não existe imparcialidade e neutralidade em uma fotografia, ela é sim uma escolha. Escolha de forma de enxergar, luz, enquadramentos, escolhas e mais um montão de escolhas.


Quando sou convidada para estar junto fotografando, me sinto sempre extremamente feliz e, ao mesmo tempo, a responsabilidade em buscar as imagens humanizadas, muitas vezes perdidas nestas toneladas de produção de imagens. Assim, tenho sido convidada para estar em lugares e projetos, propostas, pessoas que realmente me tocam. O “Caminhos do Brincar” é um deles. Quando a Joana Piza me chamou para estar junto, meu coração vibrou. É bom estar em um lugar onde posso fazer a fotografia que tanto gosto, que é contar a história da nossa gente. É o lugar que escolhi estar. A fotografia que escolhi.


A chuva e a lama fazem parte das brincadeiras no Buraco do Sapo


A brincadeira no espaço público, o encontro de gerações e o bem-estar social


Projeto 'Caminhos do Brincar' em área pública no Satélite Íris


O artista circense Ivens Burg com moradores do Satélite Íris


Foi na Secretaria Municipal de Cultura que iniciei esse trabalho de registros e documentação de imagens fotográficas das ações culturais, dando ênfase à produção local e regional. Acompanhando principalmente os grupos de Cultura Popular, como o Carnaval de Rua dos bairros e distritos da cidade. Foi quando a fotografia voltou à minha vida com força e vontade. Um imenso desejo em mostrar para o mundo que ele é formado de pequenos fragmentos, pedaços que retratam a vida. E que sim, a vida é mágica, e que podemos transformar e construir o mundo a partir da forma que enxergamos.


A doce flauta e a alegria do Bloco de Carnaval de Rua Matuá


O brincar nas vestes, nas cores, na música da folia de Carnaval


Folia de Reis Encontro Folia de Reis em 2020 na Vila Castelo Branco


Nação Maracatu - Urucungos, Puitas e Quijegues no Carnaval de 2014 


Bastidores de um ensaio do bloco Caixeirosas



Fabiana Ribeiro é fotógrafa. Formada em Comunicação Social pela PUC Campinas e em Cinema pela Escola S. Cinema i Audiovisuals de CatalunyaAudiovisual (Barcelona - Espanha), atua hoje como mídia livrista na mídia Jornalistas Livres e desenvolve um trabalho autoral de documentação visual de memória das manifestações culturais populares. Depois de ter trabalhado em algumas agências de publicidade na área de arte e criação, entrou para o setor público e nele se aposentou tendo coordenado setores de comunicação nas Secretarias de Cultura, Comunicação e Cidadania, Assistência e Inclusão Social, em Campinas. Sua produção fotográfica, iniciada em 2013, forma um acervo com mais de 30 mil imagens.


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