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Tensão sobre o Tom

  • Foto do escritor: URRO
    URRO
  • 4 de nov. de 2020
  • 2 min de leitura

Atualizado: 23 de jun. de 2022

Carta da Maú

Por Patrícia Galvão



Não escreverei aqui hoje sobre a morte ou sobre mortes. Quero escrever sobre a vida, pois há pequeninas flores sob as esbeltas palmeiras, é uma noite com uma certa aragem respingada finíssima e fria e o visitante foi embora depois do Porto de honra em homenagem a... Devo guardar um pouco de modéstia. Lembrar, no entanto, a visita de Vida que você me fez, com seu livro de notas da escola, os resultados de sua obstinação, depois dos sessenta dias pregado na cama.


Agradeço, hoje, a visita de Vida que você me fez e a sua bondade, e os seus olhos, e o seu sorriso de criança. E me fico pensando na vida das naus que partem deste porto de pedra, que se vão para os seus destinos pela costa, pelas enseadas, um amor em cada porto, um porto em cada trecho de areia, e o sonho que perseguem com as suas velas brancas abertas aos ventos, brancas velas de alvíssimas aves, o olhar audacioso bicando a cortina distante do horizonte. O mais, sim, o mais é a viagem.


Os ventos brancos que enfunam a esperança, a quilha que corta rápida e ligeira, a asa que agora descansa flébil sobre esta parede de vento e vai deixando se levar pela onda e pelo espaço varrido, ondulado. Quem bate? Certamente é você de novo, com as suas notas da escola, seu amor, seu coração e seu carinho no olhar de visita da Vida. Obrigada. Não foi agora que você veio, mas apenas a sua lembrança. Um Porto de honra, pois, ao seu esforço e à sua serenidade.


Rasga essas ondas, vai, cheio de ares importantes de verdade, mas simples no gesto tão amigo, que eu não esperava de você tanta felicidade, minha criatura.


O mais, o mais é estouvamento e o contraste de todos os encontrões pela rua. A mulher que ficou sozinha no apartamento do Flamengo e pensavam que tinha ido viajar. O corretor que...


Não, não quero falar de morte, hoje, pois houve uma grande visita da Vida, e uma visita de ramos de rosas pela testa olímpica, gentil, serena, fagueira. É noite e desejo para o seu sono e o seu descanso todas as aragens silenciosas da terra, as mais leves aragens, uma suave luz azul, um embalo de mar que nem uma berceuse, oleosa, sem ondas e sem dores. Recebe as minhas mãos molhadas dessa água do meu mar represado nestas pálpebras, recebe-as, essas mãos, sobre os cabelos noturnos com que dorme essa cabeça, meu filho. – Pt.







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